Artistas de Bento criam exposição baseada nas marcas carregadas pelas pessoas

Karem Poletto Jacobs/Divulgação

O ser humano é feito de histórias, de emoções e de sentimentos que indicam os caminhos a serem trilhados nas diversas fases da vida e de marcas que o tempo vai deixando, seja ele físico ou emocional. Nem todos permitem ao outro acessar esses lugares; para tantos é preciso compartilhar experiências, ressignificando as próprias marcas e até transformando a própria história em arte.

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Assim nasceu a mostra "O Antagonismo do Avesso", da artista visual Karem Poletto Jacobs, da poeta Daniela Possamai e da bailarina Fernanda Moreira Rodrigues. Composta por esculturas, pinturas, fotografias, objetos, textos e palavras, a mostra evidencia as "marcas" que se afixam no corpo, no íntimo, no ser, no social ou no coletivo. 

A exposição abre nesta quinta-feira (2), na Fundação Casa das Artes, e segue até o dia 24 de outubro. No dia 13 de outubro, às 19h, as três artistas promovem na Casa das Artes um bate-papo sobre o processo de criação.

De 4 a 28 de novembro, poderá ser vista também no Tubuna - Cultura Gastronômica. 

A expografia foi definida após dois anos de pesquisa nas ruas, com a pergunta: "O que te marca?" Abrangendo diferentes classes sociais e econômicas foi feita uma coleta cheia de significados, abrindo a possibilidade de múltiplas reflexões. 

Shopping, empresas, escolas, universidade e academias de Bento Gonçalves, entre elas Piazza Salton, EMEF Santa Helena, Instituto Estadual de Educação Cecília Meireles, FTEC, Tubuna – Cultura Gastronômica e Phantom Academia, acolheram um "cabide de ideias" composto por fotos de Karem e poemas de Daniela, onde as pessoas eram instigadas a externarem, da forma que se sentissem mais confortáveis, os seus mais profundos sentimentos.

Por meio de palavras, textos, fotos, objetos e relatos foram recolhidos mais de 350 depoimentos que permearam a produção artística. Através das múltiplas reflexões: subjetivas, psicológicas, sociológicas e estéticas foi-se construindo essa marca, unificando esses sentimentos e experiências compartilhadas.

Carl Jung já dizia "(...) ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana". Esse trabalho coletivo sobre o coletivo cria essa conexão genuína, não sendo apenas um trabalho de pesquisa e sim um mergulho na psique e uma interconexão de almas.

"Nós tivemos relatos muito diferentes, dependendo da zona da cidade. Foi um processo investigador e instigador. As pessoas mergulharam num estado de reflexão e nos permitiram acessar as suas mais profundas feridas e anseios. A mostra transcende todas essas vozes, anônimas, sedentas para serem ouvidas, entendidas, compreendidas. As imagens criadas encontram eco pois refletem o pensamento dessa coletividade", descreve Karem.

O secretário de cultura, Evandro Soares, afirma que o valor operacional do projeto 'Marcas' envolve a projeção do sentimento frente aos impactos da vida.

"Ouso dizer que funda uma natureza própria, orgânica e metafórica, que expressa algo simples e necessário: ouvir o outro, verbalizar, escrever, se expressar. O trio nos entrega uma profunda reflexão, onde encontramos os sinais e fronteiras das interrelações, dos nós da vida, do papel urgente da arte no tempo atual na expressão humana", destaca.

Confira mais fotos na galeria abaixo.

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