Joceni Meregalli, psicóloga e responsável técnica da Célese – Centro de Saúde Mental Corporativo
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02.08.2025 - 17h23min
O crescente desinteresse pelo desenvolvimento de carreiras tradicionais e posições de liderança nas organizações revela uma transformação profunda nas relações contemporâneas de trabalho.
Pesquisas indicam uma queda significativa nos níveis de engajamento profissional, configurando um cenário que pode ser interpretado como uma “epidemia global de infelicidade no ambiente corporativo”.
Esse fenômeno pode ser parcialmente explicado pela dissolução das fronteiras entre a vida profissional e a pessoal. A inserção massiva de tecnologias digitais, como smartphones e aplicativos de mensagens, além da hiperconectividade, intensificou a sobreposição entre tempo de trabalho e tempo livre.
Tal contexto tem contribuído para o aumento dos níveis de estresse, ansiedade e exaustão mental entre os trabalhadores. Isso acende um alerta nas organizações que estão trabalhando com a atualização da NR-1 referente à atenção psicossocial do trabalhador.
A ascensão da inteligência artificial e a automação de tarefas suscitam inseguranças quanto à estabilidade das ocupações atuais. Muitos profissionais questionam o valor de investir tempo e competências em trajetórias que podem ser rapidamente substituídas por sistemas automatizados.
Do ponto de vista geracional, observa-se que indivíduos entre o final da adolescência e os 35 anos não consideram a carreira como o centro de sua realização pessoal. Ainda que possuam qualificação, com formações acadêmicas de excelência, essa população enfrenta um mercado que já não recompensa com os mesmos retornos materiais que no passado.
Observa-se um deslocamento do paradigma de sucesso profissional, apontando para uma valorização crescente da qualidade de vida em detrimento de conquistas hierárquicas no mundo corporativo.
Modelos de gestão mais humanos, flexíveis e conectados ao propósito individual tornam-se urgentes para manter o engajamento das equipes. Portanto, a felicidade no trabalho depende menos de conquistas externas e mais da capacidade das organizações de respeitarem os limites humanos e de promoverem sentido e equilíbrio.
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