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Crônica

Desacelerar é preciso

Cronista fala sobre a pressa que nos dificulta perceber a beleza do cotidiano

Jornalista - Gustavo Tamagno Martins

redacao@serraempauta.com.br

Arquivo pessoal
Foto Principal - Notícia

Os dias não passam, eles correm. As semanas voam. E cá estamos chegando ao final de mais um mês. Metade do ano já foi. Mal começou a segunda e hoje já é sábado de novo. Durante toda a vida somos levados a correr, a ter pressa, a estarmos aqui e, ao mesmo tempo, lá na frente. Não é à toa que quando somos crianças não vemos a hora de nos tornarmos grandes e quando crescemos temos pressa de viver. Estamos sempre pensando no que iremos fazer depois de terminar o que estamos fazendo agora. E tem sempre uma lista enorme de pendências.O resultado não poderia ser diferente: uma sociedade cada vez mais ansiosa e apressada com essa rotina frenética.

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Aceleramos os áudios do WhatsApp. Pulamos as aberturas das séries e dos filmes. Aceitamos os termos e condições de qualquer coisa sem nem ler o início. 

— Como está a vida? — perguntam.

— Uma correria danada! — respondemos já com tanta naturalidade. 

E sem perceber, nos tornamos cada vez mais robotizados, sem olhar para o lado. Esquecemos de apreciar as entrelinhas do cotidiano. De tanta preocupação com o amanhã vamos deixando de aproveitar o agora. A rotina cansativa nos impede de notar as singelezas do caminho.

Estamos sempre correndo e não percebemos os pequenos milagres do dia a dia. A pressa nos dificulta enxergar o que está ali do nosso lado: os pássaros cantando, as folhas das árvores balançando, as flores nascendo… Enquanto esperamos momentos extraordinários para contemplar, a vida passa. Ela acontece no intervalo da pressa. Como li no livro As coisas que você só vê quando desacelera: “na vida há muito mais momentos comuns do que extraordinários. Esperamos na fila do mercado. Passamos horas indo para o trabalho. Regamos as plantas e alimentamos nossos animais de estimação. Felicidade é encontrar instantes de alegria nesses momentos corriqueiros.”

Só conseguimos perceber a beleza desses detalhes cotidianos quando saímos do piloto automático. Quando desaceleramos, passamos a valorizar os pequenos gestos. Passamos a apreciar mais o pôr do sol, o cheirinho de café passado e o abraço de quem amamos. A pressa nos coloca uma venda nos olhos. E tem mais, damos tanta importância para coisas que não têm importância alguma e perdemos muito tempo até compreender isso, de fato. Talvez a vida não seja breve. Ela é suficiente. Nós é que perdemos tempo com coisas inúteis e esquecemos de apreciar a beleza daquilo que nos rodeia.

Assim como nossos aparelhos tecnológicos, precisamos recarregar as baterias. Não é só manter o funcionamento direto e está tudo bem. Uma hora dá problema e ninguém quer levá-lo para a assistência técnica. O nosso corpo precisa - e merece - desacelerar. É mais do que necessário a gente diminuir a velocidade de vez em quando. A vida em si já é uma correria sem fim. Precisamos de um tempo para nos desligarmos do mundo e nos conectarmos a nós mesmos. As pausas nos fazem escutar melhor as batidas do nosso coração. Repousar é colocar a alma para balançar na rede.

Na correria do cotidiano pensamos não ter tempo para olhar para os lados. No entanto, o que não percebemos é que o bonito da vida está na oportunidade de podermos justamente olhar para os lados. A beleza está em observar os detalhes, apreciar a natureza e se atentar para as entrelinhas. Que todos nós aprendamos com José Saramago sobre o equilíbrio: “não tenhamos pressa, mas não percamos tempo”.

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