Dados foram apresentados pela CIC e CDL Caxias nesta terça-feira (10)
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10.06.2025 - 13h18min
A economia de Caxias do Sul registrou queda de 1,7% em abril na comparação com março, segundo o Índice de Desempenho Econômico (IDE/Caxias). A retração foi puxada, principalmente, pelo desempenho negativo da indústria (-4,2%) e do comércio (-1,8%), enquanto o setor de serviços teve alta de 3% no período. Os dados foram divulgados nesta terça-feira (10) pela CIC e CDL Caxias.
Na comparação com abril do ano passado, o recuo foi de 3,5%, com destaque para a retração de 8,5% na indústria, que acumula o terceiro mês seguido de queda neste comparativo. O comércio caiu 0,7%, e os serviços seguiram em trajetória positiva, com avanço de 4%.
O acumulado dos quatro primeiros meses de 2025 mostra um cenário de desaceleração. A indústria apresenta retração de 4,5% e o comércio, de 0,2%. Já os serviços acumulam crescimento de 5,9%, o que contribuiu para que o desempenho geral da economia caxiense no ano registrasse queda mais moderada, de 0,7%.
No acumulado dos últimos 12 meses, Caxias do Sul ainda apresenta crescimento de 3,5%. O setor de serviços se destaca com alta de 9,5%, enquanto a indústria (1,2%) e o comércio (0,6%) mostram sinais de estagnação.
Para o diretor de Planejamento, Economia e Estatística da CIC Caxias, Taciano Mélo Cardoso, o ritmo da atividade econômica local vem perdendo força nos últimos meses, possivelmente refletindo os impactos de um cenário macroeconômico mais desafiador, com juros elevados e retração na confiança empresarial.
Apesar da desaceleração na atividade, o mercado formal de trabalho manteve saldo positivo em abril, com a geração de 298 vagas com carteira assinada. O setor de serviços foi o principal responsável pela criação de empregos (261 postos), seguido por comércio (137), construção (42) e indústria (35). Apenas a agropecuária teve saldo negativo, com fechamento de 177 vagas.
O comércio exterior também apresentou retração em abril. As exportações caíram 9,1% e as importações, 15,9% em relação ao mês anterior. Ainda assim, o saldo da balança comercial cresceu 4,4% na comparação mensal e 254,8% frente a abril de 2024. No acumulado de 12 meses, o superávit comercial da cidade teve crescimento de 2,1%.
Desempenho abaixo do esperado no comércio caxiense
O comércio caxiense encerrou abril com desempenho abaixo do esperado, influenciado negativamente pelas vendas de Páscoa. Houve retração de -1,81% no volume geral de negociações em relação a março, e queda de -0,73 em comparação com abril de 2024. No acumulado do ano, o setor apresentou recuo de -0,23%. O indicador positivo veio do acumulado de 12 meses, que registrou alta de 0,61%.
O volume de inclusões de débitos recuou -10,15% em abril ante março, mas avançou 1,50% em relação ao mesmo mês de 2024. As exclusões também diminuíram em abril (-12,22%) e na comparação anual (-0,14%).
O número de inadimplentes cresceu 0,78% em relação ao mês anterior e 1,72% frente a abril de 2024. As consultas ao crédito aumentaram 8,78% em abril, impulsionada por lojistas (8,90%). Por outro lado, houve recuo de -1,40% frente ao mesmo período de 2024, puxado pela queda de -5,86% nas consultas de CPF por consumidores.
O estoque de dívidas caiu em abril (-0,09%), mantendo tendência de desaceleração observada em março (-0,55%). No acumulado anual, o indicador foi negativo em -0,44%, mas em 12 meses apresentou alta de 7,13%.
O ramo duro foi o principal responsável pelo desempenho negativo no mês. Houve retração de -3,57% em abril na comparação com março e queda de -1,76% no acumulado do ano. Em 12 meses, porém, houve alta de 0,45%.
Os segmentos mais afetados são eletrodomésticos, móveis e bazar (-7,19%), informática e telefonia (-6,94%), materiais elétricos (-4,54%), óticas, joalherias e relojoarias (-3,57%), automóveis e autopeças novos (-3,12%) e implementos agrícolas (-1,52%). O único segmento com desempenho positivo no ramo duro foram os materiais de construção, que avançou 2,73%.
Por outro lado, o ramo mole teve expansão de 3,10% em abril, acima dos 2,14% de março. O acumulado do ano registrou alta de 4,30%, e nos últimos 12 meses de 1,05%. Os segmentos com melhor desempenho são vestuário, calçados e tecidos (7,68%) e produtos químicos (4,24%). O resultado negativo foi registrado em farmácias (-6,37%) e livrarias, papelarias e brinquedos (-4,28%).
O assessor de Economia e Estatística da CDL Caxias, Mosár Leandro Ness observa que o comportamento do ramo duro indica contenção de gastos com bens de maior valor agregado, enquanto o ramo mole mostra sinais de fôlego, possivelmente atrelado à sazonalidade e ao consumo imediato.
“Em um panorama nacional de incertezas, o setor produtivo se pergunta até onde irá a política monetária atual. As principais dúvidas giram em torno da eficácia dos canais de transmissão da política de juros, da possibilidade de novos estímulos governamentais e dos reflexos do cenário externo, marcado por instabilidade e mudanças tarifárias globais”, avalia Ness.
Apesar do cenário desafiador, o número de empregos formais cresceu 3,54% no comércio em 12 meses (29.394 vagas em abril/25 contra 28.390 em abril/24). Também houve aumento em relação a março deste ano, com mais 140 postos preenchidos.
Ness conclui que, apesar dos números desafiadores, os fundamentos da economia caxiense, como o emprego formal em expansão, apontam que há espaço para uma retomada gradual, desde que acompanhada de políticas eficazes e confiança do consumidor.
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