Fábio Langer, especialista em marketing e fundador da Gesto Marketing Digital
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01.05.2025 - 17h14min
Normalmente nos questionamos sobre esse tipo de assunto em silêncio, durante a madrugada, depois de mais um dia onde entregamos tudo e mais um pouco. Onde ultrapassamos todos os limites, menos o do reconhecimento.
Durante algum tempo eu achava que "não era tudo isso". Que, na verdade, eu era só um bom improvisador. Um sortudo.
Eu cresci no mundo do marketing digital, design, SEO, programação e UX. E nesse universo movido a métricas, entregas e deadlines, tem uma armadilha sutil: quanto mais você sabe, mais sente que deveria saber. Quanto mais você entrega, mais parece que precisa entregar.
Como se o valor do teu trabalho fosse sempre proporcional ao quanto ele te consome.
Por muito tempo, eu usei isso como combustível. Eu trabalhava dobrado. Chegava antes, saía depois. Refazia tudo mesmo quando ninguém pedia. E quando elogiavam, eu desviava. Dizia que era "sorte", "só fiz o básico", "qualquer um teria feito igual".
Não era humildade. Era medo.
Medo de ser demitido. Medo de não ser bom o bastante. E esse medo me moldou. Me fez ser produtivo. Me fez ser comprometido. Mas me custou saúde, sono, relações e sanidade. Ansiedade e estresse viraram rotina. E eu normalizei isso como parte do pacote de ser "diferente". De ser um resolvedor de problemas.
Por muito tempo, eu achei que a minha habilidade de encontrar atalhos, de pensar diferente, de fugir do óbvio, era um defeito. Como se a criatividade fosse uma trapaça. Como se simplificar processos fosse menos digno do que seguir regras à risca.
E sabe o que é pior?
O mercado reforça isso. Tem gente que se aproveita disso. Chefes que colocam mais peso em quem aguenta. Clientes que exploram quem entrega mais. Colegas que delegam para quem nunca diz não. E você, no meio disso tudo, se perguntando por que está sempre exausto.
A resposta, às vezes, é cruel: porque você deixou.
Mas ninguém te ensinou a fazer diferente. Não ensinaram que o teu valor não está só na entrega, mas na visão. Que o teu diferencial não é o quanto você se mata, mas o quanto você enxerga o que ninguém vê. E que a sensação de ser uma fraude é, na verdade, um sintoma de quem se importa demais.
Levei anos pra entender isso. E precisei de ajuda. Terapia, leitura, conversas francas e, principalmente, falhas. Foi quando quebrei que comecei a reconstruir.
Hoje, como empresário na área de marketing digital, com equipe, com clientes grandes, com reconhecimento, posso dizer sem medo: eu confio em mim.
Não porque aprendi tudo. Mas porque parei de duvidar do que eu já sabia.
Hoje, faço questão de criar um ambiente onde meus colaboradores não precisem provar o tempo inteiro que merecem estar ali.
Onde eles possam errar, questionar, respirar. Onde ninguém precise trabalhar o dobro para se sentir metade.
Porque o mercado já é duro demais. Não precisa que a gente mesmo seja nosso carrasco.
Se você se sente uma fraude, saiba: você não está sozinho. E talvez, só talvez, isso seja um sinal de que você leva o que faz a sério. Mas levar a sério não precisa significar se destruir.
A real transformação aconteceu quando parei de buscar validação e comecei a reconhecer o meu próprio valor.
Não o valor das minhas horas. Mas o valor da minha visão, da minha capacidade de síntese, da minha forma de fazer diferente.
E sim, eu continuo criando soluções fora da curva. Continuo buscando atalhos. Mas hoje eu sei: isso é minha maior força. Não meu defeito.
Você é uma fraude? Ou será que você é só alguém brilhante demais tentando caber num molde pequeno demais?
A resposta não está em fazer mais. Está em enxergar melhor.
E quando você enxergar... vai ser impossível desver.
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