Esgotamento mental de mães solo é tema de curta, em Caxias do Sul

Reprodução/Divulgação

Cuidar do filho, trabalhar para sustentar a casa, fazer comida e limpeza, lavar roupas, levar e buscar a criança na escola, ir ao mercado, administrar as contas, dar atenção em tempo integral e tentar alguns minutos para cuidar de si mesma.

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A rotina exaustiva de uma jovem mãe solo é o tema central de “Gafanhoto”, curta-metragem de Elís Bittencourt que estreia nesta terça-feira (22), em Caxias do Sul. O filme terá duas sessões gratuitas, às 19h30min e às 20h, na Sala de Cinema Ulysses Geremia, no Centro de Cultura Ordovás.

No filme, a jovem Niara (Ketlyn Ludvich) enfrenta a realidade de ser mãe solo, convivendo diariamente com o filho Cauã (João Augusto Fana). A rotina de Niara revela a sobrecarga de atividades e o esgotamento mental, o que leva a personagem a questionar sua fé no Orixá Xangô.

Em um momento de epifania, a personagem retorna para um passado em que ainda morava com a mãe (Sabrina Moreira), mas sem perder a memória do presente. A volta no tempo leva a personagem a sofrer com a falta do filho, fazendo um paralelo entre o cansaço e o amor materno, e como esses estados emocionais impactam as mulheres que são mães.

"Acredito que todas as mulheres jovens que se tornam mãe imaginam como as suas vidas seriam se elas não tivessem tido seus filhos. Como seria se elas voltassem no tempo? Quanto elas poderiam ter se dedicado ao estudo, ao trabalho, a viagens? Como seria a liberdade de poder ir e vir a hora que quiser? Ao mesmo tempo que, depois de se tornar mãe, a gente também não quer ficar sem aquela criança, porque a gente ama demais. O coração de mãe é dividido, é um coração partido. Foi daí que surgiu a ideia do roteiro", resume a diretora e roteirista Elís Bittencourt, que também foi mãe solo jovem, aos 21 anos.

As gravações do curta foram realizadas em agosto de 2024, em locações de Caxias do Sul, com uma equipe formada majoritariamente por mulheres. Além de Elís na direção e no roteiro, integram a ficha técnica a diretora de fotografia Gabriela Demore, a assistente de fotografia Emilly dos Santos, a diretora de arte Flora Simon, a diretora de produção Mikaella Amaral e a assistente de produção Gabriela Serip. Destaque também para a participação de Zica Stockmans na preparação do elenco.

Ketlyn Ludvich, atriz estreante que dá vida à protagonista, conta que o maior desafio no trabalho foi lidar com as semelhanças da história de Niara com sua vida pessoal.

"Foi meu primeiro trabalho como atriz e, tendo sido mãe solo também, tive momentos em que não contava com rede de apoio. Essas feridas da Niara acabam espelhando as minhas feridas, que eu senti doer lá atrás. Ao mesmo tempo, foi gratificante representar essa história e mostrar para as pessoas um pouco do que é ser mãe solo, esse processo em que a gente acaba esquecendo a jovem que éramos antes de sermos mãe, perdendo até mesmo nossa individualidade", conta a atriz.

Após as sessões gratuitas de estreia, o público será convidado a participar de um bate-papo com as mães Sharon Ramos Vieira, que trabalha como educadora social, e Aline Tanaã, atriz e psicóloga. O objetivo é trocar ideias sobre os desafios da maternidade solo e os caminhos na busca pela saúde mental.

A entrada é gratuita, mas sugere-se a doação de itens de higiene pessoal e acessórios femininos, que serão destinados à Casa de Apoio Viva Rachel.

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