Daniela Grolli, psicóloga corporativa e CEO da DG Recursos Humanos
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16.05.2025 - 21h53min
Manter colaboradores dentro das empresas nunca foi tão desafiador. Um estudo recente realizado pela McKinsey & Company aponta que apenas 3% das empresas brasileiras estão preparadas para reter profissionais qualificados.
Há outros dados que mostram que, a cada 10 profissionais contratados, cerca de cinco deixam a organização em poucos meses. Algumas pesquisas indicam prazos de apenas 90 dias para essa rotatividade inicial. Em um cenário em que a oferta de talentos diminuiu e as oportunidades de emprego aumentaram, a competição pela permanência dos melhores profissionais se intensificou de forma inédita.
Hoje, o perfil do colaborador mudou. As pessoas não buscam mais apenas um emprego; elas buscam pertencimento, propósito e crescimento. Atividades manuais e operacionais, que antes atraíam grande parte da força de trabalho, agora enfrentam escassez de candidatos, especialmente em cidades como as da Serra Gaúcha, por exemplo, que dependem dessas funções produtivas.
A falta de mão de obra qualificada para funções essenciais é uma realidade crescente, impactando diretamente a produtividade e a competitividade das empresas.
Neste cenário, a área de Recursos Humanos precisa ser mais do que operacional: precisa ser estratégica. O RH moderno deve agir como um agente de mudança e suporte, tanto para a direção da empresa quanto para os gestores de equipes. Isso exige um novo olhar sobre as práticas de gestão de pessoas, com ênfase em construção de cultura, desenvolvimento de liderança e ações que promovam o sentimento de pertencimento.
Mas não basta atualizar o RH. A liderança também precisa evoluir. O desenvolvimento contínuo de líderes é essencial, porque são eles quem lidam diretamente com os times, promovem o clima organizacional e têm o poder de gerar (ou não) engajamento.
Líderes emancipados, capazes de tomar decisões, inspirar seus times e atuar de forma alinhada à estratégia organizacional fazem toda a diferença na retenção de talentos.
Há quem diga que hierarquia é negativa e ultrapassada. Pelo contrário, a hierarquia é essencial para dar clareza e sustentação às mudanças. Organizações sem estrutura definida tendem a ser caóticas e ineficazes. O segredo está em alinhar hierarquia com autonomia, criando uma cultura onde líderes e liderados sabem seus papéis e responsabilidades.
Outro ponto crucial é entender que nenhuma empresa precisa oferecer benefícios excessivos para reter talentos, mas garantir as bases sólidas: um ambiente de trabalho saudável, oportunidades de crescimento, respeito, liderança inspiradora e senso de equipe.
Se antes bastava um bom salário para garantir permanência, hoje fatores emocionais, como reconhecimento, segurança psicológica e senso de propósito, são decisivos.
Todos os setores estão passando por essas transformações. Uns sentem mais, outros menos. A grande diferença está na disponibilidade para se atualizar e acompanhar como o mercado tem conduzido a retenção.
Aquelas empresas que agem com agilidade, que escutam seus profissionais e fortalecem suas lideranças, estão conseguindo manter seus talentos, mesmo em meio a um cenário tão desafiador.
Portanto, a autorresponsabilidade precisa ser uma via de mão dupla: da empresa, garantindo um ambiente minimamente saudável e acolhedor; e do colaborador, entendendo que também é seu papel se desenvolver e contribuir para o crescimento conjunto.
O mercado mudou, os profissionais mudaram, e a forma de liderar também precisa mudar. Quem entender que o RH estratégico e a liderança preparada são as chaves para a retenção sairá na frente.
Em tempos em que pessoas não permanecem nos empregos como antes, investir em cultura, pertencimento e atualização contínua deixou de ser um diferencial e passou a ser uma necessidade.
Não é mais apenas sobre salário ou tempo de casa: é sobre se sentir parte, crescer junto e confiar na liderança. Empresas que entenderem isso e colocarem em prática terão uma vantagem significativa no futuro do trabalho.
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