Carla Freire, neuroeducadora, escritora e professora do Colégio Madre Imilda
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18.09.2024 - 14h43min
Se compararmos a leitura de tempos passados com a prática nos dias atuais, as diferenças são significativas, principalmente no que diz respeito às ferramentas e às formas de acesso aos textos. No passado, a leitura era vista como um privilégio de poucos, especialmente em períodos anteriores à democratização da educação. Livros eram raros e muito caros, e a alfabetização não era um privilégio da população que não fazia parte da nobreza.
No entanto, com a expansão das escolas públicas e o crescimento das bibliotecas públicas e comunitárias, a leitura tornou-se mais acessível. No século XXI, com o avanço das tecnologias digitais, o acesso à leitura foi ainda mais democratizado, principalmente por meio da internet e dos dispositivos eletrônicos. A leitura digital, seja em e-books ou em websites, oferece conveniência e flexibilidade, possibilitando que o leitor tenha acesso imediato a uma vasta quantidade de informações em qualquer lugar e a qualquer momento.
No entanto, essa mudança também trouxe novos desafios, uma vez que, ainda que o acesso tenha se expandido, o tempo de leitura pode ter sido prejudicado pela dispersão e superficialidade das leituras online, devido ao fato das pessoas estarem mais imediatistas.
Educadores como Magda Soares alertam para a necessidade de desenvolver estratégias de ensino que preparem os estudantes para serem leitores críticos também no ambiente digital, onde a quantidade de informação muitas vezes supera a qualidade. Por outro lado, a tecnologia também pode ser uma grande aliada no processo de promoção da leitura, principalmente entre os jovens que estão imersos no universo digital.
Plataformas online, como aplicativos de leitura e bibliotecas digitais, permitem o acesso a uma diversidade de gêneros textuais e autores, estimulando o hábito de ler. Ferramentas como audiobooks e podcasts de literatura também são formas inovadoras de estimular diferentes perfis de leitores, tornando a leitura mais acessível para aqueles que apresentam dificuldades ou desinteresse por textos escritos.
Além disso, as tecnologias possibilitam a criação de ambientes interativos e gamificados que tornam o aprendizado da leitura mais atrativo, como plataformas de leituras interativas, que despertam o interesse e auxiliam no processo de alfabetização, tornando-o mais dinâmico.
Eventos como feiras do livro e clubes de leitura também têm um papel relevante na promoção da leitura. As feiras são espaços de interação cultural onde leitores podem conhecer autores, participar de debates literários e descobrir novos títulos, sendo uma oportunidade única de aproximação com o universo literário. Elas oferecem um ambiente propício para despertar o prazer pela leitura e para formar novas gerações de leitores.
A leitura é uma habilidade que deve ser estimulada desde cedo, e o ambiente escolar tem um papel primordial nesse processo. A mediação do professor e o uso de tecnologias adequadas são essenciais para garantir que a leitura seja uma prática acessível, crítica e prazerosa para todos os estudantes.
A promoção de feiras de livros, clubes de leitura e o incentivo ao uso de ferramentas digitais podem ser grandes aliados na formação de leitores críticos e reflexivos, capazes de interagirem tanto no mundo impresso quanto no digital.
Sendo assim, é primordial que o desenvolvimento da leitura vá além da alfabetização inicial, estendendo-se por toda a vida escolar e além dela, para que a prática da leitura se torne um hábito consolidado.
Carla Freire, neuroeducadora, escritora do livro A Alma, a Paz e o Ar e professora do Colégio Madre Imilda.
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