Obra da Editora da UCS ainda contextualiza história e territorialidade
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21.11.2025 - 13h27min
O sabor da culinária que é produto da imigração italiana, hoje refletida em mesas fartas, carrega também uma história de incerteza, escassez e dedicação dos que chegaram no Rio Grande do Sul há 150 anos.
Essa memória é registrada e compartilhada no livro “Culinária da Imigração Italiana no RS: Receitas e História”, publicado pela Editora da Universidade de Caxias do Sul (EDUCS) e disponibilizado gratuitamente no formato de e-book.
O lançamento, dentro da programação do VI Simpósio Internacional e XIV Fórum de Estudos Ítalo-brasileiro, ocorreu nesta segunda-feira (17), integrando ainda as comemorações dos 150 anos da imigração italiana no Estado.
Além da entrega de exemplares, o evento no Centro de Convivência da UCS teve música e polentaço para o público convidado a prestigiar.
Inventário com significados culturais
Fruto de estudo realizado pela pesquisadora Cleodes Maria Piazza Julio Ribeiro, professora aposentada da UCS, sua autora principal, a obra tem curadoria do reitor da Universidade, Gelson Leonardo Rech, e do diretor do Instituto Memória Histórica e Cultural (IMHC), professor Anthony Beux Tessari.
Realizada por Cleodes no IMHC, entre 2009 e 2010, a pesquisa encontra-se preservada no Instituto, responsável pela coordenação de sua publicação em formato de livro.
"Nos debruçamos sobre a culinária, com suas receitas, técnicas, utensílios, aromas e sabores que, pela história, transformaram-se em tradição e seguem, ainda hoje, representativos dos hábitos e valores alimentares da nossa região", sintetiza o diretor IMHC, professor Anthony Beux Tessari.
As 90 receitas apresentadas – entre sopas, minestras, polentas, massas, molhos, conservas e doces – foram executadas pela equipe de chefs da Escola de Gastronomia da UCS formada por Felipe Biondo, Gustavo André Ruffato, Vanderlei Dalberto e seu diretor, Mauro Cingolani, e registradas pelo fotógrafo Bruno Zulian.
Habituados a terras cultivadas há milênios em seus locais de origem, os imigrantes italianos precisaram lidar aqui com áreas virgens, adaptando técnicas e procedimentos. Sem vias de acesso, a comunicação com a cultura local ocorreu de forma esporádica e pontual – os ingredientes precisavam ser produzidos ou coletados, dentro da propriedade dos colonos, com raros acréscimos vindos de fora.
A fase inicial da "cozinha da pobreza", como definida no estudo, foi, aos poucos, sendo enriquecida pelos fluxos comerciais e por diferentes trocas. Esse inventário de cozinha, carregado de significados culturais, é contextualizado histórica e territorialmente, já que o levantamento carrega a tradição das diversas regiões de origem dos imigrantes e dos locais onde se fixaram – as receitas são de famílias ainda residentes ou com raízes em Antônio Prado.
Contextualizando essas relações, a obra dedica-se aos produtos agroalimentares, ingredientes utilizados e às tradições sociais constituídas "ao redor da mesa", a exemplo dos almoços de domingo e festivos.
Pesquisa sobre o fenômeno migratório
Os estudos sobre o fenômeno migratório marcam a trajetória da UCS desde as vésperas da celebração do centenário da imigração italiana no Estado, em 1975, quando iniciou o seu envolvimento com o assunto por meio de projetos, programas e de órgãos institucionais.
"A UCS se posiciona para além do ensino e lidera a discussão sobre esse tema. Hoje, apresentamos um dos resultados do trabalho histórico de pesquisa que leva a Instituição a patamares inéditos", valorizou o reitor da UCS, professor Gelson Leonardo Rech, amparado por dados como a evolução registrada no Ranking Universitário da Folha (RUF 2025) no quesito Pesquisa.
A EDUCS, que difunde o conhecimento produzido institucionalmente, tem hoje em seu catálogo mais de 230 obras que versam sobre a imigração italiana a partir de diferentes abordagens.
"Esta publicação celebra a cultura regional por meio das práticas alimentares e a fundamental contribuição feminina a ela", reverenciou a coordenadora da Editora, Simone Côrte Real Barbieri. "História, memória e gastronomia são pontos fortes de nossa cidade e Estado. O livro traz memórias afetivas que aproximam as pessoas", completou a secretária da Cultura de Caxias do Sul, Tatiane Frizzo, parabenizando pelo trabalho realizado.
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